Jerome Bruner (1915- 2016) foi um psicólogo norte-americano, de origens judaica, professor de psicologia em Harvard e Oxford. É autor de vários trabalhos sobre educação, onde propões a “Revolução Cognitiva”, que marcou os estudos de educação na década de 60.

O seu trabalho introduz novas perspetivas no estudo da mente, ultrapassando o Behaviorismo, cujos postulados assentavam apenas em fenómenos observáveis.
Suas publicações mais importantes são Sobre o Conhecimento: Ensaios da mão esquerda (1960) O Processo da Educação (1961), Actos de Significação (1990), A Cultura da Educação (1996).
Jerome Bruner foi um dos pioneiros nos estudos da Psicologia Cognitiva nos Estados Unidos. Bruner inicia seus estudos sobre a sensação e a perceção humana como parte de um processo ativo e não apenas recetivo. O seu livro ‘’O Estudo do Pensamento’’ (A Study of Thinking), publicado em 1956 inicia o seu trabalho no Centro dos Estudos Cognitivos (Center of Cognitive Studies) em Harvard. Em 1990 ele faz uma série de conferências sobre o assunto, publicadas no livro ‘’Atos de Significação’’ (Acts of Meaning) e nelas ele refuta o modelo computacional como metáfora do estudo da mente, defendendo um entendimento holístico da mente e do sistema cognitivo humanos.
Para além de pioneiro nos estudos da Psicologia Cognitiva aborda também a psicologia educacional através dos seus trabalhos sobre a sensação e perceção humana, que aborda como um processo de aprendizagem ativo e recusando que fossem apenas recetores passivos do mundo. Fundamenta assim uma teoria da inovação educacional, defendnendo que as aprendizagens se processam através da construção de novas ideias e conceitos baseados nos seus conhecimentos passados e atuais.
A aprendizagem é um processo pessoal de construção hipóteses e tomada decisões, que é integrad numa estrutura cognitiva. Os esquemas mentais forma modelos de significados que organizam experiencia usar a informação recolhida para criar e inovar.
Bruner publica uma série de trabalhos sobre a avaliação nos sistemas educacionais e as formas em que a educação poderia ser melhorada. Sua visão geral é de que a ‘’educação não deve se concentrar apenas na memorização de fatos”. Entre 1964-1996 Bruner procurou desenvolver um currículo completo para o sistema educacional que atendesse as necessidades dos estudantes em três áreas principais que ele chamou de Man: A Course of Study, conhecido pela sigla MACOS ou M.A.C.O.S. Se fundamentava no ensino em espiral ou seja um determinado conceito deveria ser repetidamente ensinado, em diferentes níveis, cada nível sendo mais complexo que o primeiro. Este processo permitiria a criança a absorver ideias complexas de maneira mais simples. Bruner pretendia criar um ambiente educacional que se concentrasse (1) no que era exclusivamente humano sobre os seres humanos, (2) em como os seres humanos chegaram no estágio atual e (3) em como os seres humanos poderiam se aprimorar.
Os modos de Pensamento
Os modos de pensamento, segundo Jerome Bruner, são o narrativo e o paradigmático. O autor argumenta que os indivíduos constroem realidades, propiciando diferentes maneiras de colocar em ordem as experiências vivenciadas. Além disso, busca analisar o desenvolvimento cognitivo e a construção da aprendizagem por meio de signos e simbologias, nos quais o pensamento é realizado por meio de fala e de imagens.
O Pensamento Narrativo
O autor define narrativa como uma sequência de eventos, e estes, por sua vez, são carregados de significados. “Narrativa é discurso, e a principal regra do discurso é que deve haver um motivo para que o mesmo se distinga do silêncio” É por meio da narrativa que, provavelmente, um indivíduo organiza os próprios conhecimentos e experiências. A narrativa fundamenta-se na narração de uma história para que haja o esclarecimento de algo duvidoso, ou ainda, algo que o indivíduo procura resolver ou sanar. Dessa forma, é por meio da fala ou da organização de fatos pelo pensamento que indivíduos estabelecem relações e organizam suas ideias a respeito de algo ou alguém.
O Pensamento Paradigmático
O pensamento paradigmático, de acordo com Bruner (1986), associa-se ao desenvolvimento formal de conceitos, ou seja, quando há uma apropriação de ideias demonstradas, descritas ou argumentadas. É um modo de pensamento com o qual se tenta preencher o padrão de um sistema formal e matemático de explicações e provas por meio de argumentos que provem as conjecturas do sujeito.
Cultivando o possível
Jerome Bruner em Cultivando o Possível – Oxford, 13 de maio de 2007:
“Eu também tenho uma razão mais profunda, mais teórica, para me preocupar em cultivar o sentido do possível, uma razão que brota da pesquisa sobre a natureza da mente, uma razão que tem crescido constantemente em meio século de meu aprofundamento no crescimento da mente e da sua dependência de cultura. Eu estou cada vez mais convencido de que a mente atinge completamente sua plenitude não apenas na acumulação – no que passamos a conhecer – mas sim no que podemos fazer com o que sabemos, como somos capazes de enquadrar possibilidades além das convenções do presente, para forjar mundos possíveis. (…)
A principal função da cultura para o indivíduo, eu acho, é a de tornar o estranho familiar. Somos guiados a colocar as coisas em seus lugares familiares (…) No entanto, em forma anômala, culturas também fornecem meios para tornar o estranho convencionalmente familiarizado no estranho novamente: “a mão de Deus” ou o espírito de Abraão, em segundo plano. Nenhuma cultura conhecida existe sem fazer ambos – este último através do mito da incerteza provocante, através do narrar contos, através do poder da poesia. Todas as línguas conhecidas, de fato, ainda têm formas gramaticais para indicar o que poderia ser ou não ser possível. É, principalmente, através do uso de ambos – tornando o familiar estranho e o estranho familiar – que nós e nossa cultura cultiva o sentido do possível. Jerome Bruner Cultivando o Possível” –