O Círculo Bakhtin, a filosofia do diálogo

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Mikail Bakhtin (1895-1975)

Bakthin e o Círculo Bakhtin que reunia um conjunto de intelectuais russos durante o período soviético revolucionaram os estudos literários e a história da literatura europeia. A sua inserção numa galeria de pedagogia da autonomia advém do seu contributo para a relevância da cultura do diálogo, a teoria da polifonia e a ideia de cronotopo e a ideia da preservação no desenvolvimento de géneros literários, a que chamamos relevância da memória formal

Segundo Bakhtin a linguagem emerge e é criada por um processo interação dialógico. Não é um processo autónomo desligado da sociedade. Como tal ela tem que estar conectado com a diversidade de interlocutores em presença, que usam enunciados efetivos. Não se aprende efetivamente por dicionários e gramáticas.

O processo de comunicação, ou mais concretamente a linguagem só existe em função do uso que locutores (quem fala ou escreve) e interlocutores (quem lê ou escuta) fazem dela em contexto (formais ou informais) de comunicação.

Dai que o ensinar, o aprender e o usar uma linguagem passam necessariamente pelo sujeito, que é o agente das relações sociais e o responsável pela composição dessa narrativa, pela escolha do estilo dos discursos. A experiencia anterior desse sujeito (o conhecimento dos enunciados) constituem a base das novas narrativas (novos textos ou enunciações). Nessa nova produção, um enunciado é apropriado pelo locutor, ajustado aos seus contextos social, a tempo e espaço social vivenciado. Sem essa atualização os textos não é plenamente compreendido pelos outros. É este contributo para a construção da relação dialógica (através do verbo e do não verbal) entre o locutor e o meio social que as narrativas ganham consistência.

A linguagem e a sua interação proporciona a criação de igualdade social, na medida em que todos participam na produção de enunciados acessíveis a todos e que e que assim a todos se tornam compreensíveis. Ao mesmo tempo esse novo diálogo ajusta-se aos contextos que se diferenciam.

Um outro contributo do círculo Bakhtin para a pedagogia da autonomia é o seu contributo para a compreensão de distinção sobre a “esfera de produção” das narrativas e da comunicação. Assim, no dia-a-dia. Na praça e na linguagem comum, o processo discurso é primário, usando formas de comunicação espontâneas. Nas narrativas secundárias, as palavras são elaboradas, com base em códigos mais complexos, incrustados de valores culturais. Embora Bakhtin tenha eleito a analise literária como objeto de análise, os seus estudos de linguitica são relevantes para se entender a produção dum discurso reflexivo, e sobretudo para entender que para a produção desse tipo de discursos, é necessário partir do senso comum, para “filtrar” as linguagens comunicacionais (palavra e movimento). Finalmente, tal como na memória, a linguagem é também ela própria um meio de dialogo entre o passado, presente e futuro

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